Reflexão para o domingo, 27. agosto

Referente à perícope do Evangelho de Marcos 7, 31-37

Marcos nos conta, no Evangelho de hoje, de uma pessoa que não ouve nem fala. Suas possibilidades de se ligar com o mundo são reduzidas. Cristo conduz a pessoa para longe da multidão, para curá-la. Ele a leva até si mesma. Nessa solidão, ela tem um encontro íntimo com o Cristo. A pessoa sai desse encontro com as forças renovadas. Ela pode ouvir e falar e, assim, se comunicar.
Para nos ligarmos de uma forma saudável com as outras pessoas, de tempos em tempos precisamos nos voltar para nós mesmos. Precisamos fortalecer o nosso centro. Nesses momentos de solidão, no íntimo do nosso ser, podemos encontrar o Cristo. Isso acontece na essência do nosso eu. Nesse encontro, todo o nosso ser é fortalecido.
Com as forças da nossa individualidade assim renovadas podemos nos abrir novamente para o mundo. Ouvindo e falando renovamos os nossos laços com ele, e encontramos melhor o nosso lugar de atuação.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 4 de junho de 2023

Referente à perícope do Evangelho de João 3, 1-17

Pelo processo natural não podemos nascer de novo durante uma vida terrena. Nascemos, crescemos e faleceremos. Isso é o curso natural da vida.

Podemos nascer de novo? Podemos nascer do alto? Nessas duas formas a fala de Cristo para Nicodemos poderia ser traduzida.

Para essa questão precisamos olhar para os processos da nossa alma e da nossa individualidade. Na nossa vida encontramos momentos de grandes crises, onde não sabemos mais como continuar e ir em frente, onde aparentemente não há um caminho para o futuro. Neles, nós nos sentimos impotentes e sem força para ir em frente. Chegamos a uma vivência de morte.

Ao chegar nesse fundo do poço, uma ajuda inesperada nos surpreenderá. Ela pode vir de outra pessoa ou do mundo ao nosso redor. De repente, a situação que aparentemente não tinha saída, começa a mudar. Começamos a enxergar um novo caminho. Assim nós nos sentimos renascidos. Podemos descobrir atrás dessa ajuda o atuar do mundo espiritual. Pouco a pouco ganharemos confiança no seu atuar em toda nossa vida. Reconheceremos cada vez mais o atuar dos céus na terra e assim nascemos de novo, do alto, pelo Espírito.

Julian Rögge

Reflexão para domingo, 28 de maio de 2023

Reflexão para domingo, 28 de maio de 2023

Referente à perícope do Evangelho de João 14, 23-31

Retábulo dos 12 apóstolos
Altar lateral da igreja do hospital do Espírito Santo em Nuremberg.
Oficina de Wolfgang- 1448/49

Esse retábulo era propriedade de uma fundação particular e foi adquirido pelo Museu Kolumba da diocese de Colônia, na Alemanha. Nessa ocasião ainda não se conhecia o seu lugar de origem. Pesquisas feitas por profissionais do museu concluíram que se tratava de um retábulo encomendado por um mecenas do Hospital do Espírito Santo para uma capela lateral da igreja anexa a esse hospital. Nessa capela lateral este mecenas foi sepultado com sua família.

A sequência iconográfica é bem especial. No meio, o acontecimento de Pentecostes, com Maria no centro. A descrição desse acontecimento, segundo o Ato dos Apóstolos, não menciona Maria. No entanto, Maria aparece tradicionalmente assim em muitas dessas imagens. Nesse retábulo especialmente aparece Maria também em três das outras quatro imagens laterais. As quatro imagens laterais representam a Anunciação do anjo Gabriel à Maria, o nascimento do menino Jesus no pobre estábulo, a ressurreição de Jesus Cristo e a morte de Maria segundo a lenda. Naturalmente levanta-se a questão de como se relacionam estas imagens umas com as outras e qual a mensagem do retábulo nessa igreja, que era diretamente ligada ao hospital. Vamos fazer uma tentativa nesse sentido e descobrir qual o significado e papel da alma humana para o desenvolvimento do ser humano e do mundo.

Seja a alma humana na sua relação com o feito do Cristo o tema principal desse retábulo. A alma vive alternadamente no mundo suprassensível em comunhão com outras almas e com os seres espirituais e no mundo sensível com os reinos da natureza e toda a humanidade. Ela vive entre espíritos na vida pós-morte e pré-natal, e incarnada num corpo na vida terrena em meio da natureza. Nesse ritmo alternado, nessa evolução rítmica, o mundo, o Cosmo, o ser humano vai se transformando.

De um lado temos os seres divinos que preparam e anunciam a vinda de uma alma individual para a Terra, do outro lado a Terra empobrecida de valores e força espiritual, dependendo sempre de uma renovação vinda de cima.

Nesse caminho alternado vai se formando um novo ser espiritual, o Filho do Homem. Este ser nasce na Terra quando Jesus Cristo se eleva do túmulo no dia da Páscoa. A partir daí o palco da atuação das forças divinas formadoras e renovadoras passa a ser a Terra, pois a força primordial do Logos se ligou a Jesus Cristo e permanece ligada à Terra através da alma humana. Em Pentecostes o espírito de Cristo consagra a alma humana como o germe de um novo mundo.

Em Pentecostes a alma humana conquista a consciência do significado do feito do Cristo para si mesmo e para toda a evolução futura. Esse acontecimento tem o potencial para transformar tanto os destinos individuais do ser humano, como dos reinos da natureza, de todo o planeta e de todo o Cosmo. É uma vivência no âmbito da consciência, como o acender de uma nova luz que concede à alma humana uma nova visão, um novo sentido.

Essa vem a ser uma vivência íntima da própria identidade, do Eu Sou e ao mesmo tempo de uma unidade, uma comunidade com todos os seres humanos e todos os seres vivos. Esse novo sentido preenche a alma humana de um amor profundo pela obra divina, pela obra do Pai e do Cristo. No seu processo de espiritualização a alma humana está intrinsecamente ligada com a evolução de todo o Universo, desde o âmbito atômico até o âmbito cósmico das galáxias.

Com esta única e ao mesmo tempo significativa vivência, a alma humana se torna equipada para deixar esse lugar, a Terra, seja pelo portal da morte, seja no final da evolução planetária da Terra.

De fato, nas costas desse retábulo foi pintado o juízo final com a seleção das almas que vão poder ser acolhidas pelo mundo divino no final dos tempos.

Sim, a alma humana deve estar consciente de que sua vida terrena tem um importante propósito, não só para si mesma, mas para todo o Universo. Na hora da morte ela já deve estar preparada para ser acolhida na esfera da vida de Cristo (na última imagem lateral, a alma de Maria é representada no mundo pós-morte como uma criança no colo de Cristo). Também num âmbito menor, no ritmo diário de sono e vigília, a alma humana antes do adormecer não deve esquecer de levar o “pão de cada dia” para poder participar da comunhão com os anjos e seres divinos que nos convidam a cada noite a tecer o vir a ser do novo dia.

A celebração de Pentecostes, esse ínfimo instante no ritmo anual, pode nos sensibilizar para criar esse instante também no íntimo da alma. Na celebração cúltica do Ato de Consagração do Homem criamos este instante. O instante em que conscientemente podemos perceber aquele que é o alfa e o ômega, o princípio e a meta final, que atua agora e sempre, que confere o sentido da minha própria existência, de mim, do meu Eu, e ao mesmo tempo o sentido da Terra e do Universo! Nos cabe, então, na vida continuar esta celebração como na imagem central do retábulo!

Helena Otterspeer

Reflexão para o domingo, 14 de maio de 2023

Reflexão para o domingo, 14 de maio de 2023

Referente à perícope do Evangelho de João 14, 1-16

Quando, na cruz, Jesus Cristo deu seu último suspiro, Deus morreu, a terra estremeceu, o sol escureceu. Deveriam a humanidade e a Terra necessariamente agora perecer? Com certeza não, os sinais deste momento significativo na evolução foram sinais de um nascimento! Algo completamente inédito e novo nasceu na Terra!

No domingo de Páscoa, por Jesus Cristo, por si mesmo, o Eu da humanidade se ergueu do túmulo. O Espírito de Cristo nasceu na Terra. Ele é um novo princípio da vida e da luz na Terra. Ele atua no interior – na alma e no centro da Terra, e no exterior – na cultura e na atmosfera terrestre, em ritmo alternado. Ele vai e seu espírito vem, também alternadamente. Mas este pulsar vivo que envolve o ser humano, depende de cada um. Cristo deve penetrar cada vez mais na alma humana. A alma humana deve, em liberdade, procurar o Cristo.

A alma deve se preparar para o casamento místico, enfeitar-se com os frutos de um conhecimento superior espiritual. Ela deve vestir a veste nupcial branca. Assim ela prepara um espaço onde o Filho pode vir a morar. Deste lugar, do íntimo da alma virá a salvação, a cura, a espiritualização de tudo que é transitório – pela atividade do Eu, que se torna um servidor, um seguidor de Cristo!

A alma vai se transformando, se espiritualizando.

O mundo vai se transformando, se espiritualizando.

Nas palavras de Cristo: “Eu e o Pai somos um!”

Desde a morte de Jesus Cristo na cruz, as trevas continuaram a se espalhar em vários âmbitos da civilização e da alma humana. Ambas estão hoje ameaçadas pelas trevas e forças da morte, pelo materialismo. No entanto, também muita transformação se deu, sem a qual não poderíamos ter recebido a dádiva espiritual dos sacramentos renovados.

Precisamos de muita coragem! De toda a parte da criação ergue-se o apelo:

“Abra a tua alma para o Espírito de Cristo!”

Só assim da queda, da morte e das trevas se erguerão vida e luz!

Isto é hoje o essencial, o imprescindível para a humanidade, para a Terra e todo mundo!

Helena Otterspeer

Reflexão para domingo, 19 de fevereiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de Mateus 4, 1-11

No Antigo Testamento fala-se pela primeira vez na tentação quando a serpente (Lúcifer) insiste para que Eva coma do fruto da árvore do conhecimento do Bem e do Mal.

Eva viu que o fruto era atrativo aos sentidos e o saboreou, entregou-o também a Adão, para que o comesse.

A tentação no Paraíso começa com a atração do ser humano por certo alimento. Um alimento que lhe apetece.

Ao comê-lo seus olhos se abrem, ou seja, os sentidos humanos se direcionam com maior intensidade para a realidade sensorial do mundo.

Se antes Adão e Eva viam diretamente a Deus, depois de haver comido do fruto da árvore do conhecimento, perdem este contato imediato com Ele e precisam deixar o Paraíso.

O fruto da árvore do conhecimento possibilita ao ser humano mergulhar com maior profundidade no seu organismo físico e por conseguinte seus sentidos para o mundo exterior se abrem, ao mesmo tempo que os sentidos para o mundo divino (Paraíso) começam a se fechar.

O impulso para provar da árvore do conhecimento, porém, provém do âmbito inconsciente do sistema digestivo (“o fruto apetitoso, bom para comer”).

Os alimentos que comemos ajudam a unir nosso organismo corpóreo com a própria Terra, nos dão força e disposição. Ao mesmo tempo nos ajudam a estar vigilantes na consciência e ser capazes de usar nossos sentidos para investigar e compreender o mundo que nos rodeia.

Este é o caminho da encarnação do ser humano na Terra. Neste caminho fomos nos afastando cada vez mais dos céus.

Nos afastamos tanto que hoje, na maioria das vezes, não temos dúvidas que somos cidadãos da Terra, mas vivem em nós muitas questões quanto à nossa origem celeste e se um dia retornaremos à pátria divina ou se sucumbiremos, seguindo o mesmo destino da matéria do mundo, que compõe nosso corpo físico.

Para trazer à humanidade uma nova possibilidade de retornar ao mundo celeste, ou à Casa do Pai, como é chamada nos Evangelhos, Cristo veio ao mundo.

Logo após o Batismo no Rio Jordão, Cristo vai ao deserto. Ali ele é tentado.

Nesta cena do Evangelho de Mateus temos uma descrição imaginativa do processo que se repete desde a cena descrita no início do Antigo Testamento.

Cada espírito humano que se encarna, entra numa relação mais profunda com seu organismo corpóreo. Seus sentidos se abrem cada vez mais intensamente para perceber o mundo físico, mas ao mesmo tempo percebe que o seu próprio corpo também reclama por algo que somente se supre por meio do alimento.

A vida no espírito não necessita do alimento terreno. O corpo, porém, precisa dele.

O tentador apelou principalmente ao lado instintivo que o alimento provoca. No princípio, identificado como serpente no Paraíso, ele confundiu Eva e lhe disse que se comesse não sofreria as consequências da encarnação no organismo corpóreo.

Na descrição de Mateus o tentador almeja mais uma vez confundir os âmbitos, pois a partir do instinto da fome, que surge do organismo corpóreo, ele quer direcionar a essência divina de Cristo (“Tu, que és o Filho de Deus”) a identificar-se com a essência terrena (“Transforma estas pedras em pão”).

Cristo tem plena consciência do que está passando e coloca as coisas no seu devido lugar:

“Não só de pão vive o homem” (apenas seu organismo corpóreo),

“mas de toda palavra que provém da boca de Deus” (pois este é o alimento do Espírito).

No Antigo Testamento foi descrito o caminho dos Céus a Terra.

A partir da tentação no deserto, Cristo nos mostra o caminho para reencontrar o acesso ao mundo divino: não permitir que nossa essência divina se confunda com a terrena. Dar ao Espírito o alimento que lhe é necessário.

Então será possível que os seres humanos, pouco a pouco, recomecem a abrir os olhos da alma para enxergar de novo o Paraíso que abandonou há tanto tempo.

Renato Gomes

Reflexão para domingo, 12 de fevereiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de Lucas 8, 1-16

Um lavrador prepara primeiro a terra. Depois ele tomará todo cuidado para que as valiosas sementes caiam só na terra boa. Ele nunca iria desperdiçá-las na terra não preparada.

O semeador da parábola atua de maneira diferente. Ele deixa cair as sementes em todas as qualidades de terra. Diferente do lavrador, ele aparentemente não se preocupa com o desperdício das sementes. Isso nos mostra uma grade diferencia entre os dois semeadores.

Deus está contando com o fato de que toda a terra pode se transformar. Que a terra ruim, a terra não preparada, pode se converter em terra boa. Ele está prevendo a possibilidade de que nós mesmos preparemos a terra da nossa alma. Temos sempre de novo essa possibilidade. Nunca será tarde demais para essa transformação.

Nossa tarefa é começar a trabalhar e a lavrar nossa alma. Transformar os espinhos das preocupações excessivas e prazeres exagerados. Tirar as pedras do medo e da desconfiança. Através do trabalho de transformar e preparar a nossa alma receberemos cada vez melhor as sementes, a palavra de Deus.

Julian Rögge

Reflexão para domingo, 5 de fevereiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de Mateus 20, 1-16

Imagem: A ressureição e à direita a videira segundo as palavras em João 15

Quem é este ser, este Pai, que é como o reino do céus e já de manhã cedo sai para contratar trabalhadores para seu vinhedo? Ele deve ser muito especial pois dele provém cura, salvação e paz!

Ele é um Deus? Ou um homem como um Deus? Alguém já o viu, ou o conhece? Ele já saía desde os primórdios da civilização para contratar trabalhadores? Podemos, no passado remoto, o reconhecer nos grandes guias da humanidade? Os grandiosos frutos das antigas culturas são produtos de seu vinhedo? As várias línguas, a arte e a ciência, enfim toda a tradição cultural da humanidade? Podemos vir a conhecer o reino do céus nas antigas imagens mitológicas?

E hoje, como é hoje? Estamos ocupados no comércio, na técnica e em várias prestações de serviço para assegurar a nossa subsistência, mas não nos encontramos no local em que ouvimos o chamado do Pai para ir trabalhar no seu vinhedo! Somos, em geral, motivados para, através do trabalho, alcançar o maior lucro possível e não nos preocupamos com a nossa origem divina.

Poderia toda a Terra ser o vinhedo do Pai? Pois não nos concede o mundo divino todo dia com o levantar do sol, a vida – o verdadeiro ganho – para que possamos trabalhar na espiritualização da Terra e da alma humana?

Também ouvimos, no Evangelho de João, o Filho falar: “Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o jardineiro… Eu sou a videira, vós sois a vinha. Quem permanecer unido a mim, assim como eu a ele, dará muitos frutos, pois sem mim nada podeis fazer!”

Poderíamos então nos perguntar: o vinhedo poderia ser a alma humana, o coração humano, onde o Eu Sou do Cristo pode ser despertado, – o espírito divino no ser humano – que está predestinado a trabalhar com o Pai para o bem da Terra e de toda a humanidade?

Ambas afirmações poderiam estar corretas: o trabalho na alma, em e com Cristo, é o trabalho na Terra.

Hoje cada um é livre para atender ao chamado do Pai! Quem encontra em si o Cristo vai ser premiado com a totalidade da vida divina em si, o Eu Sou! Ninguém mais do que o outro! Todos unidos no Cristo!

Qual é a natureza desse vinhedo, que provém de Deus e no qual o próprio Filho, a verdadeira videira, concede sua vida divina? Nesse vinhedo o ser humano pode vir a conhecer a vontade do Pai para então vir a servi-lo. Para isso deveríamos deixar de estar empenhamos unicamente com a exclusiva existência física! O pão cotidiano que almejamos receber é o compartilhar, o comungar da vida de Cristo. Nisso se acende a vivência do Eu Sou, do Eu Sou dentro da alma.

Segundo o Evangelho de João, falou Cristo aos seus discípulos: “Meu alimento é poder atuar segundo a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.”

Portanto, trabalhadores de Deus Pai, formemos a comunidade do Cristo, na qual cada um é chamado a atuar a partir do seu Eu, na qual   a vontade do Pai ressoa com a vontade de cada um. Nesse coro uníssono as esferas angelicais são também chamadas a colaborar. Assim, o reino dos céus chega à Terra e cada indivíduo se torna capaz de atuar para o bem e para a vida de todos!

Helena Otterspeer

Reflexão para domingo, 8 de janeiro de 2023

Reflexão para domingo, 8 de janeiro de 2023

Transfiguração
Rafael Sanzio
(1483-1520)

As estrelas falavam outrora para os homens

O seu calar é destino do mundo;

O perceber desse calar

Pode provocar sofrimento para o homem na Terra.

Mas no mudo silêncio amadurece

O que os homens falam para as estrelas;

O ouvir do seu falar

Pode vir a ser força do Homem-Espírito.

Este verso de Rudolf Steiner abrange todo um processo de evolução, em que primeiramente a humanidade foi guiada por seres divinos espirituais para conquistar habilidades e qualidades na sua alma até o momento em que agora esta alma por si mesma começa a contribuir para o coro da criação. Sim, a humanidade olhava outrora para as estrelas para se orientar na sua trajetória na Terra. Esse antigo conhecimento se perdeu e também as estrelas se calaram. No entanto, o Verbo Primordial se fez carne. Ele foi visto e ouvido pela humanidade.

Acabamos de ouvir na celebração do Natal, como os homens aderem ao coro dos seres celestiais desde os anjos até aos querubins e serafins! Mas como em qualquer coro, o homem, sendo um iniciante, um aprendiz ainda, tem muito que ensaiar! Para isso tem que entrar humildemente numa sala reservada para tal, num espaço de luz e calor criado por Jesus Cristo e estar disposto a empenhar suas qualidades para entoar o cântico novo, o cântico onde a voz humana entoará pela primeira vez. As suas qualidades da alma vão sendo afinadas nesse espaço nobre e elevado. O homem, tornando-se um rei, vai poder oferecer o que tem de mais precioso: o seu pensar purificado pelas palavras do Evangelho, o ouro da Terra; o seu sentir que se une a Cristo nas orações que se elevam aos céus como a fumaça do incenso; enfim, o seu querer que serve à vontade do Pai, sanando a doença do pecado como a mirra!

Depois de receber a graça do Natal, a Epifania deixa a alma vislumbrar o caminho aonde vai, dentro de si, encontrar uma nova estrela, a estrela do Cristo. Essa estrela, ainda bem tênue, brilhará cada vez mais para a transformação do coração humano e de toda a Terra! Ela é a estrela gerada pela alma humana! Pela dedicação e empenho de cada um na sua procura pelo Cristo!

Helena Otterspeer

Reflexão para domingo, 1º de janeiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de João 1, 1-14

Nestas festas de fim de ano, não queremos estar sozinhos. Isso não é de admirar, pois tem a ver com o começo. Pois Deus não estava sozinho na criação do mundo. João escreve, o Logos estava com Deus. Deus e o Logos são um. O Logos é o verbo. E ele estava com Deus desde o início, antes da criação do mundo. Ou em outras palavras, o Verbo está com Deus desde toda a eternidade e estava com tudo quanto Deus criou no mundo. Então, quando João fala sobre Jesus como o Filho, como o Verbo, ele não põe o Verbo na categoria de coisa criada. Porque antes de qualquer coisa existir, Ele já era e também porque tudo o que foi feito, foi feito por meio Dele. Na verdade, a única razão pela qual existe vida é por causa Dele. Sendo assim, nunca podemos estar realmente sós, pois aquele que sempre esteve com Deus, sempre estará conosco até o fim dos tempos, como ele mesmo disse.

Com esse sentimento de acompanhamento de Cristo, na alegria e na dor, por toda nossa existência, queremos trazer as alegrias e tristezas do ano que termina como lições para o ano que chega, sabendo que a luz desse ensinamento acompanhada da benção do acompanhamento de Cristo nos levará adiante e a força de Cristo nos levantará quando cairmos, nos acalmará nos infortúnios e nos trará a paz nos conflitos. A única parte que nos cabe em nosso processo de sentir sua presença, é abrir nossas almas para recebê-lo, ter consciência de sua presença e mantê-lo em nossos corações, em nossas ações. Que o ano que chega esteja então repleto dessas vivências e nos leve adiante em nosso processo de humanização.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 18 de dezembro de 2022

Referente ao perícope do Evangelho de Lucas 1, 39-56

No Evangelho de hoje ouvimos sobre o milagre da gestação da nova vida. As duas gestantes se encontram e estão, nesse momento, abertas para o mundo espiritual. Elas manifestam essa vivência em palavras magníficas. Isabel e Maria ajudam a trazer um impulso divino para a Terra.

Nós passamos por processos similares. Nossos impulsos, ideias e projetos precisam de um período de gestação. Nele necessitamos paciência e abertura. Assim o mundo espiritual tem a possibilidade de se manifestar através dele.

As duas mulheres deram à luz a João Batista e Jesus. Com a ajuda delas o divino se encarnou no mundo. Na Época de Advento podemos estar atentos a esses processos de gestação em nosso íntimo e nos perguntar: Que impulso divino quer nascer através de nós?

Julian Rögge