Reflexão para domingo, 12 de fevereiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de Lucas 8, 1-16

Um lavrador prepara primeiro a terra. Depois ele tomará todo cuidado para que as valiosas sementes caiam só na terra boa. Ele nunca iria desperdiçá-las na terra não preparada.

O semeador da parábola atua de maneira diferente. Ele deixa cair as sementes em todas as qualidades de terra. Diferente do lavrador, ele aparentemente não se preocupa com o desperdício das sementes. Isso nos mostra uma grade diferencia entre os dois semeadores.

Deus está contando com o fato de que toda a terra pode se transformar. Que a terra ruim, a terra não preparada, pode se converter em terra boa. Ele está prevendo a possibilidade de que nós mesmos preparemos a terra da nossa alma. Temos sempre de novo essa possibilidade. Nunca será tarde demais para essa transformação.

Nossa tarefa é começar a trabalhar e a lavrar nossa alma. Transformar os espinhos das preocupações excessivas e prazeres exagerados. Tirar as pedras do medo e da desconfiança. Através do trabalho de transformar e preparar a nossa alma receberemos cada vez melhor as sementes, a palavra de Deus.

Julian Rögge

Reflexão para domingo, 5 de fevereiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de Mateus 20, 1-16

Imagem: A ressureição e à direita a videira segundo as palavras em João 15

Quem é este ser, este Pai, que é como o reino do céus e já de manhã cedo sai para contratar trabalhadores para seu vinhedo? Ele deve ser muito especial pois dele provém cura, salvação e paz!

Ele é um Deus? Ou um homem como um Deus? Alguém já o viu, ou o conhece? Ele já saía desde os primórdios da civilização para contratar trabalhadores? Podemos, no passado remoto, o reconhecer nos grandes guias da humanidade? Os grandiosos frutos das antigas culturas são produtos de seu vinhedo? As várias línguas, a arte e a ciência, enfim toda a tradição cultural da humanidade? Podemos vir a conhecer o reino do céus nas antigas imagens mitológicas?

E hoje, como é hoje? Estamos ocupados no comércio, na técnica e em várias prestações de serviço para assegurar a nossa subsistência, mas não nos encontramos no local em que ouvimos o chamado do Pai para ir trabalhar no seu vinhedo! Somos, em geral, motivados para, através do trabalho, alcançar o maior lucro possível e não nos preocupamos com a nossa origem divina.

Poderia toda a Terra ser o vinhedo do Pai? Pois não nos concede o mundo divino todo dia com o levantar do sol, a vida – o verdadeiro ganho – para que possamos trabalhar na espiritualização da Terra e da alma humana?

Também ouvimos, no Evangelho de João, o Filho falar: “Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o jardineiro… Eu sou a videira, vós sois a vinha. Quem permanecer unido a mim, assim como eu a ele, dará muitos frutos, pois sem mim nada podeis fazer!”

Poderíamos então nos perguntar: o vinhedo poderia ser a alma humana, o coração humano, onde o Eu Sou do Cristo pode ser despertado, – o espírito divino no ser humano – que está predestinado a trabalhar com o Pai para o bem da Terra e de toda a humanidade?

Ambas afirmações poderiam estar corretas: o trabalho na alma, em e com Cristo, é o trabalho na Terra.

Hoje cada um é livre para atender ao chamado do Pai! Quem encontra em si o Cristo vai ser premiado com a totalidade da vida divina em si, o Eu Sou! Ninguém mais do que o outro! Todos unidos no Cristo!

Qual é a natureza desse vinhedo, que provém de Deus e no qual o próprio Filho, a verdadeira videira, concede sua vida divina? Nesse vinhedo o ser humano pode vir a conhecer a vontade do Pai para então vir a servi-lo. Para isso deveríamos deixar de estar empenhamos unicamente com a exclusiva existência física! O pão cotidiano que almejamos receber é o compartilhar, o comungar da vida de Cristo. Nisso se acende a vivência do Eu Sou, do Eu Sou dentro da alma.

Segundo o Evangelho de João, falou Cristo aos seus discípulos: “Meu alimento é poder atuar segundo a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.”

Portanto, trabalhadores de Deus Pai, formemos a comunidade do Cristo, na qual cada um é chamado a atuar a partir do seu Eu, na qual   a vontade do Pai ressoa com a vontade de cada um. Nesse coro uníssono as esferas angelicais são também chamadas a colaborar. Assim, o reino dos céus chega à Terra e cada indivíduo se torna capaz de atuar para o bem e para a vida de todos!

Helena Otterspeer

Reflexão para domingo, 1º de janeiro de 2023

Referente ao perícope do Evangelho de João 1, 1-14

Nestas festas de fim de ano, não queremos estar sozinhos. Isso não é de admirar, pois tem a ver com o começo. Pois Deus não estava sozinho na criação do mundo. João escreve, o Logos estava com Deus. Deus e o Logos são um. O Logos é o verbo. E ele estava com Deus desde o início, antes da criação do mundo. Ou em outras palavras, o Verbo está com Deus desde toda a eternidade e estava com tudo quanto Deus criou no mundo. Então, quando João fala sobre Jesus como o Filho, como o Verbo, ele não põe o Verbo na categoria de coisa criada. Porque antes de qualquer coisa existir, Ele já era e também porque tudo o que foi feito, foi feito por meio Dele. Na verdade, a única razão pela qual existe vida é por causa Dele. Sendo assim, nunca podemos estar realmente sós, pois aquele que sempre esteve com Deus, sempre estará conosco até o fim dos tempos, como ele mesmo disse.

Com esse sentimento de acompanhamento de Cristo, na alegria e na dor, por toda nossa existência, queremos trazer as alegrias e tristezas do ano que termina como lições para o ano que chega, sabendo que a luz desse ensinamento acompanhada da benção do acompanhamento de Cristo nos levará adiante e a força de Cristo nos levantará quando cairmos, nos acalmará nos infortúnios e nos trará a paz nos conflitos. A única parte que nos cabe em nosso processo de sentir sua presença, é abrir nossas almas para recebê-lo, ter consciência de sua presença e mantê-lo em nossos corações, em nossas ações. Que o ano que chega esteja então repleto dessas vivências e nos leve adiante em nosso processo de humanização.

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 18 de dezembro de 2022

Referente ao perícope do Evangelho de Lucas 1, 39-56

No Evangelho de hoje ouvimos sobre o milagre da gestação da nova vida. As duas gestantes se encontram e estão, nesse momento, abertas para o mundo espiritual. Elas manifestam essa vivência em palavras magníficas. Isabel e Maria ajudam a trazer um impulso divino para a Terra.

Nós passamos por processos similares. Nossos impulsos, ideias e projetos precisam de um período de gestação. Nele necessitamos paciência e abertura. Assim o mundo espiritual tem a possibilidade de se manifestar através dele.

As duas mulheres deram à luz a João Batista e Jesus. Com a ajuda delas o divino se encarnou no mundo. Na Época de Advento podemos estar atentos a esses processos de gestação em nosso íntimo e nos perguntar: Que impulso divino quer nascer através de nós?

Julian Rögge

Reflexão para domingo, 4 de dezembro de 2022

2° Domingo do Advento

Ref. Marcos 13,24-37

Advento é um período não somente para preparar a festa de Natal e celebrar o grande acontecimento do nascimento do menino Jesus. É também e, sobretudo, para nos prepararmos para a vinda do Cristo em nossos corações. Ele disse que estaria conosco até o fim dos tempos, portanto, ele veio, vem e virá sempre. Mas ele, que está presente na atmosfera etérica da Terra, só poderá nascer nas almas daqueles que estiverem despertos, atentos, orando e vigiando a cada momento. Vivemos em tempos de grandes tribulações. Mas o fato é que a história da humanidade está marcada desde sempre por grandes tribulações. Por isso, em cada geração há a oportunidade desse despertar. A mensagem apocalíptica não pertence ao fim dos tempos, mas sempre, em todas as gerações até o fim dos tempos. Ainda assim, podemos dizer que a nossa época proporciona uma oportunidade especial para esse despertar, são os sinais dos ramos tenros da figueira, pois além das tribulações, ela é marcada, pelo menos potencialmente, por um certo amadurecimento do “Eu”. Este é o porteiro que vigia, ele é responsável pela necessária autoavaliação da alma e a percepção de suas fraquezas, dando ensejo à decisão de unir-se com aquele que proporciona a força para a superação das fraquezas: o Cristo. Consequentemente a alma se abre para recebê-lo. Este é o sentido fundamental da vigília, que é também a marca da atitude da alma em cada ano cristão, mas especialmente no período do Advento, uma vez que precede o período das Noites Santas. Nesse período, os que estiverem despertos receberão as inspirações que os prepararão para a nova vinda de Cristo.

Carlos Maranhão

Reflexão para domingo, 20 de novembro de 2022

Referente ao perícope do Apocalipse de João 7, 9-17

Uma grande multidão se apresenta a visão do Apocalíptico. Há pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas. Certamente as pessoas também têm diversas ideias, pensamentos e ideais. Porém, todas elas se
unem na oração e no culto perante a Deus e ao Cordeiro. Elas vestem roupas brancas. Para vestir as roupas brancas, elas passaram pelos desafios e dificuldades da vida. Elas as branquearam na dor e no sofrimento. Elas se superaram e trilharam um caminho de transformação. Purificando suas roupas, pouco a pouco.
Esse caminho de superação e purificação também está aberto para nós. Ele é árduo e longo. Ele demorará mais de uma vida. Só conseguiremos dar pequenos passos. Todo esforço nesse caminho vale muito, pois ele nos leva à meta da humanidade, à Nova Jerusalém. Até lá, se realizará uma nova relação entre os seres humanos e o Cristo. Neste caminho, nós nos tornaremos cada vez mais colaboradores dos céus e nos integraremos novamente nas hierarquias celestiais.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 06 de novembro de 2022

 

Referente ao Apocalipse de João 3, 1-6

A mensagem para Sardes não precisaria ser escrita ao anjo se, ao ser proferida uma única vez, já fosse realizada com boa vontade de transformação. Precisou ser escrita, pois é válida permanentemente.

Pertence à nossa constituição que nossas ações ainda tenham pouco peso no mundo dos céus. Que nosso nome ‘Ser Humano’ promete mais do que de fato conseguimos sustentar. Que a superação deve ser constantemente desempenhada – em todas as frentes.

Para aqueles que se sentem tocados, existe somente a escolha: ou resignar e degradar, ou aceitar o desafio e a batalha da superação. A remuneração por isso será a luz espiritual, que torna reluzente de dentro para fora as nossas vestes e envoltórios com todas as suas manchas e zonas escuras.

Engelbert Fischer

Tradução livre Viviane Trunkle

Reflexão para o domingo, 30 de outubro

Reflexão para o domingo, 30 de outubro de 2022

Referente Apocalipse 1:1-25

A revelação é como uma carta, uma carta de Deus enviada para as comunidades de todos os tempos. Uma carta de Deus para nós também hoje, por aquele que é, que era e que há de vir. Ele veio, vem e virá sempre pelo envio de seu Filho e do Espírito Santo. O A e o O são a primeira e a última letra do alfabeto grego, alfa e ômega. Isso significa que tudo começa com Deus e termina com Ele.  Ele é o início e o fim.  Deus tem a última palavra, nenhum homem poderoso neste mundo, nenhum diabo, nenhum anjo pode superá-lo.  Como podemos receber a mensagem que os acompanha por toda a existência? Todos os nossos planos, propósitos, desejos, expectativas, sonhos se tornam efêmeros perante a eternidade divina, da qual participam. Como então nos unimos a ele, nos unindo a Cristo ao receber sua mensagem e deixar que ela viva em nossos corações? Trata-se de um convite para esperar dele a salvação, torcer, confiar profundamente nele, sacrificar tudo por ele. Acima de tudo, nós adoramos com nossas vidas e podemos nos perguntar:  a quem servimos? O que tem prioridade? Em que colocamos nossos corações? O que preenche nossos pensamentos e como eles se transformam em ação? 

Então nos unamos no louvor a Deus que a criação e os anjos cantam e preenchamos nossos corações de esperança de que os dias que virão, serão de paz, de ensinamento e de avanço no nosso processo de humanização.  

Carlos Maranhão

Reflexão para o domingo, 23 de outubro

Referente ao perícope do Apocalipse de João 19, 11-16

Todos nós temos, como o cavaleiro branco, um nome que somente nós conhecemos. Durante a nossa vida o reconhecemos e preenchemos pouco a pouco. Ele abarca nossas conquistas e derrotas, nossos acertos e erros. Ele está composto por nosso caminho de desenvolvimento no passado, no presente e no futuro. O nome abarca toda a nossa individualidade, aquilo que cada um denomina com a palavra “eu”.
O eu tem uma profunda ligação com o cavaleiro branco. Ele torna possível um caminho de desenvolvimento e o acompanha. Ele possibilita que cada um de nós se torne senhora e rainha, senhor e rei. Reis e rainhas que aprendem a reinar sobre si mesmos e que se guiam no seu caminho de vida. Que pouco a pouco tomam a vida nas próprias mãos. Que sabem haver um que é maior entre eles. Senhoras e senhores que em liberdade decidem seguir o rei dos reis, o senhor dos senhores, o Cristo.

Julian Rögge

Reflexão para o domingo, 16 de outubro

Referente ao perícope do Apocalipse de João 12, 1-17

Visão do apocalipse, capítulo 12. Século IX – arte moçárabe

No século VIII os habitantes do norte da África invadiram, depois da sua islamização, a península ibérica e a dominaram por alguns séculos. Esta invasão foi contida nos Pireneus, que formavam uma fortaleza natural ao norte. Assim não se espalharam pela Europa. Embora houvesse uma certa coexistência pacífica com os muçulmanos, as comunidades cristãs não podiam se desenvolver sem restrições. Por isso monges cristãos se retiraram para as fortalezas naturais ao norte da península em seus conventos, para não sucumbir à islamização e assim poder resistir. Dessa época provém a instituição dos caminhos de peregrinação para Compostela. Por sua vez, esses monges reclusos em seus conventos escreviam vários manuscritos do livro do apocalipse de João. As ilustrações desses textos, como no exemplo acima, revelam a força interior desenvolvida nessa época. O estilo dessas pinturas era uma mescla de influências dos visigodos, romanos e árabes. Esse estilo foi denominado de moçárabe.

O drama em que viviam os monges e a população reprimida entrava em ressonância com as imagens do apocalipse, imagens do drama da evolução da humanidade. Assim esses monges se fortaleciam para enfrentar a ameaça da expansão islâmica. Enfim conseguiram rechaçar os mouros a partir do século XI. Nessa região surgiram mais tarde os países Espanha e Portugal.

Na grandiosa imagem do apocalipse de João, capítulo 12, um terço das estrelas do céu e as legiões do dragão são lançadas à Terra. A virgem também foge para o deserto. A ordem cósmica dá lugar ao caos terreno, onde os espíritos adversos ganham força sobre a alma humana. Agora os seres humanos são os que devem combater essas legiões e reconquistar em liberdade a ordem cósmica divina. Com que apoio pode a humanidade contar nesse novo e imenso desafio? Ela necessariamente sucumbirá? Diante das atuais crises mundiais essa pergunta parece mais do que nunca urgente. Como Micael se coloca nessa situação?

Através da intervenção de Micael a criança cósmica é salva e está guardada perto do trono de Deus! A essência divina do ser humano, que nasce da alma individualizada, está preservada, guardada pelas hierarquias celestes. Lá esperará até o momento em que a alma individual esteja madura para realizar a união, o casamento místico com o espírito, com o Eu Sou divino.

A virgem, a pura alma cósmica, foge para a Terra, para o deserto. Ela se torna alma humana individualizada e é ameaçada pelas legiões do dragão. Esta é a imagem, que representa a nossa consciência atual. As legiões do dragão espalham aceleradamente o materialismo na técnica, no comércio, na visão científica da época atual. No entanto Micael, cujos pés são livres do peso terreno, confere à alma humana asas e ela pode se alçar aos âmbitos espirituais, conseguir uma relação com os seres divinos e com o Cristo. Portanto sabemos que, como os monges outrora ao norte da Espanha e Portugal se retiraram, se compenetraram de sua relação com o Cristo, conseguindo resistir à ameaçadora invasão, também hoje o ser humano poderá resistir às fortes invasões do materialismo e todos os âmbitos da cultura e da alma humana. Não é esta a invasão que percebemos hoje pelas tantas restrições e medidas exteriores impostas no campo da educação, da medicina, do pensar livre?

Cultivemos a interioridade da alma na oração individual, na oração comunitária, como no Ato de Consagração do Homem, na conquista de uma nova compreensão dos evangelhos e dos sacramentos! Assim, como João, nos tornaremos capazes de ver o Filho do Homem, o ressuscitado agindo no meio das suas comunidades, se manifestando na natureza, na humanidade. Como já vislumbrado no apocalipse de João, a alma transformada, espiritualizada descerá um dia como uma noiva e desse casamento místico surgirá um novo ser humano, uma nova Terra, onde não haverá mais lágrimas, nem sofrimentos. Não podemos perder a realidade da atuação do Redentor na Terra. Com Ele superaremos enormes desafios!

Helena Otterspeer