Reflexão para o domingo, 19 de julho

Época de João Batista

Referente ao Perícope Mateus 14

Na vida seguimos em determinada direção fazendo planos para o futuro e cumprindo nossas tarefas com esperança de que poderemos tranquilamente chegar a bom termo com nossos planos. De repente, surge uma tempestade, não prevista que destrói nossos planos e nos remete a uma situação de emergência. Precisamos nos acalmar, nos recolher, buscar forças, remanejar, planejar de novo, buscar recursos externos e internos. Onde podemos encontrar forças? O que nos consola e traz paz interior para continuar? Será que a crise imprevista nos aponta para algo que havíamos ignorado? O que ela nos indica? O que negligenciamos? Pode ser que ela nos aponte justamente para o que é nossa missão, que no plano inicial não havia sido contemplada, ou talvez tenha ficado adormecida e precisa ser reavivada.
Quando Jesus soube da morte de João Batista ele se retirou para rezar e depois voltou a efetuar curas. Sobre a morte trágica e violenta que João sofreu, Jesus não pronunciou nenhuma palavra. Mas certamente em seu íntimo sentiu a dor da partida de seu amigo e precursor. Qualquer pessoa que tenha visto alguém com quem se importa morrer pode entender por que Jesus buscou a solidão quando soube da morte de João. Jesus viu no destino de João um prenúncio da cruz que estava no fim de sua vida na Terra. No entanto, como João, Jesus não se esquivou do custo de sua missão. João sai de cena, pois como ele mesmo havia dito ele devia diminuir para que Jesu pudesse crescer. Isso não significa que sua partida devesse ser de uma forma tão terrível. Mas a realidade espiritual por trás dos fatos é a que Jesus pôde vivenciar ao retirar-se. Constatou que João partiu da Terra, mas continuou presente em espírito, ele havia cumprido sua missão e deixava o palco para o que deveria seguir: a obra do Messias. Ao perceber a multidão que o seguia, não permitindo que pudesse ficar só em seu luto, poderíamos imaginar que lamentasse, mas ao contrário Jesus tem compaixão por aqueles que o buscam e, podemos dizer que ele honra o martírio de João ao continuar o seu trabalho e a sua missão, porque afinal era isso que João havia anunciado e indicado aquele que viria para tirar o pecado do mundo. Embora Jesus sofra a perda de seu querido amigo, seu sofrimento o capacita para cumprir seu trabalho. No meio de sua dor emocional, Jesus se voltou para fora, em vez de para dentro. Em vez de se entregar e pensar ‘ai de mim’, ele se volta para servir e amar as multidões. Na vida nós sofremos perdas, algumas muito dolorosas e é natural que nesses momentos queiramos apenas nos retirar para, no luto processar a perda. Mas a vida nem sempre permite essa retirada, ela continua com suas demandas. É necessário muita força de espírito para dar conta disso. Quando isso acontece podemos nos lembrar que aquele que sempre nos acompanha na alegria e no sofrimento nos consola, pois por experiência conhece o que sentimos. Ele é a fonte de onde retiramos força para continuar nossa jornada.

Carlos Maranhão