Reflexão sobre o Evangelho de João, 7 de julho

Adam Chmielowsk, Ecce Homo, 1881

“Pilatos, então, mandou açoitar Jesus. Os soldados trançaram uma coroa de espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Viva o Rei dos Judeus!”; e batiam nele. Pilatos saiu outra vez e disse aos judeus: “Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que eu não encontro nele nenhum motivo de condenação”. Então, Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele disse-lhes: “Eis o ser humano”!
Quando o viram, os sumos sacerdotes e seus guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhum motivo de condenação”. Os judeus responderam-lhe: “Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”. Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: “De onde és tu?” Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: “Não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?”
Jesus respondeu: “Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado”. Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus.
Mas os judeus continuavam gritando: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”. Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como Pavimento (em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio- dia. Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei”. Eles, porém, gritavam: “Fora! Fora! Crucifica-o!” Pilatos disse: “Vou crucificar o vosso rei?” Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos rei senão César”. Pilatos, então, lhes entregou Jesus para ser crucificado. Eles tomaram conta de Jesus.

João 19, 1-16

“Eis o ser humano”
Ecce Homo

Esta figura de dor nos fala diretamente à alma. Nós a conhecemos inconscientemente. Podemos desenvolver sua percepção consciente ao colocarmo-nos a caminho, dando passos na iniciação cristã. Jesus segue para seus últimos passos físicos na Terra, cada vez mais silencioso. Mas, sua imagem já carrega, suavemente o raiar do sol do novo mundo.
Os açoites, as injúrias, a coroa de espinhos, o manto de púrpura nos deflagram a própria condição humana: O ser da dor.
Através da dor faremos passos evolutivos. Cristo sofreu até seus últimos instantes, indicando-nos o caminho que nos levará à comunhão com o espírito: dor, morte, superação da morte, ressurreição, ascensão e plenitude na paz do espírito.
Cada dor que nosso destino nos apresenta, cada pedra no caminho, são pequenos exercícios para nosso desenvolvimento no espírito. Compreender estes processos como passos em nossa evolução, nos fortifica na resiliência.

“Ecce Homo”

No coração tece o sentir,
Na cabeça luze o pensar,
Nos membros vigora o querer.
Luzir que tece,
Tecer que vigora,
Vigorar que luze:
Eis o ser humano.

Rudolf Steiner

Viviane Trunkle