Reflexão sobre o Evangelho de João, 4 de julho

“Então a escolta, e o comandante, e os guardas dos judeus prenderam a Jesus e o amarraram. E conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Ora, Caifás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo.
E Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. E este discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus na sala do sumo sacerdote. E Pedro estava da parte de fora, à porta. Saiu então o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, e falou à porteira, levando Pedro para dentro. Então a porteira disse a Pedro: ‘Não és tu também dos discípulos deste homem?’ Disse ele: ‘Não sou.’
Ora, estavam ali os servos e os servidores, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também.
E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus lhe respondeu: ‘Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.’
E, tendo dito isto, um dos servidores que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: ‘Assim respondes ao sumo sacerdote?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, por que me feres?’ E Anás mandou-o, maniatado, ao sumo sacerdote Caifás.
E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. Disseram-lhe, pois: ‘Não és também tu um dos seus discípulos’? Ele negou, e disse: ‘Não sou.’ E um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: ‘Não te vi eu no horto com ele?’ E Pedro negou outra vez, e logo o galo cantou.

João 18, 12-27

Pedro estava disposto a dar sua vida por Jesus e chegou a levantar a espada em seu nome, mas agora ele cede três vezes por medo. Falhar três vezes pode nos trazer o sentimento de um fracasso absoluto, afinal quais são as chances de recuperar a confiança e o respeito a si mesmo depois de negar ao próprio Cristo por três vezes e, como ele havia previsto, ouvir o galo cantar em testemunho de seu fracasso. Nós cristãos, que proclamamos os valores e a fé cristã, quantas vezes negamos nossas convicções com comportamentos que lhes contradizem? Mas, em algum momento um galo há de cantar por nós para nos lançar num estado de consciência, que pode não ser leve, mas que tem a força de nos despertar e pode anteceder a mudança fundamental de reafirmar nossa convicção com atos condizentes a ela. Em Pedro nos encontramos com nossas fraquezas. Mas, independentemente de todas as críticas que Jesus dirigiu a Pedro, ele não retirou o poder principal que lhe concedera. Ele no final lhe entregou as ovelhas para cuidar. Para Pedro, chegará o dia em que ele deixará seu fracasso para trás. Ele terá oportunidade de defender Jesus com corpo e alma. Um dia ele terá que fazer o que não foi capaz de fazer naquele momento crucial. Para Jesus ninguém é definitivamente fracassado. Pelo contrário a constatação consciente dos motivos do fracasso pode ser o crucial momento do despertar. Cristo sempre abrirá novos espaços para nós, nos quais poderemos fazer melhor do que hoje. Isso nos faz olhar para o futuro com confiança de que sempre poderemos nascer de novo em Cristo independente ou talvez em virtude da consciência de nossas fraquezas.

Carlos Maranhão