Reflexão sobre o Evangelho de João, 17 de julho

“Depois disso, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. Simão Pedro disse a eles: ‘Eu vou pescar’. Eles disseram: ‘Nós vamos contigo’. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite.
Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Ele perguntou: ‘Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?’ Responderam: ‘Não’. Ele lhes disse: ‘Lançai a rede à direita do barco e achareis’. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes.
Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: ‘É o Senhor!’ Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros.
Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: ‘Trazei alguns dos peixes que apanhastes’. Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. Jesus disse-lhes: ‘Vinde comer’. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.”

João 21, 1-14

Todas as noites dormimos. Nos despimos do nosso corpo e, como navegando num barco pelas ondas etéricas, procuramos no mundo espiritual a revitalização do corpo cansado, que ficou deitado na cama. Muitas vezes dormimos repletos de preocupações, mas também com a esperança de encontrar no sono um consolo: temos a esperança de acordar no outro dia com algo que nos possa dar uma orientação, com uma ideia que possa dar uma resposta para as perguntas que nos angustiam. Mas quantas vezes acordamos exaustos, como se não tivéssemos dormido, com a alma ainda repleta das mesmas preocupações que levamos ao sono, sem orientação, sem resposta, sem ânimo de levantar da cama. Às vezes trazemos da noite redes vazias.
Mas talvez, nesses momentos, quase antes de vestirmos o nosso corpo de novo, precisemos prestar atenção se alguém, além de nós e das nossas preocupações, está ali, na praia entre o mar etérico e a terra, no limiar entre a noite e o dia, esperando por nós. Quantas vezes não nos levantamos rápido demais, corremos para o nosso dia a dia, pensando em como conduzir a vida, mas na realidade sendo pressionado para seguir em frente, pressionados por tarefas e preocupações. Vale a pena fechar os olhos ao acordar e olhar para a praia, ver se Ele está lá. Quem sabe Ele, em silêncio, nos diz para qual lado devemos jogar a rede para, quem sabe, ainda conseguirmos pescar algo. Não precisa ser 153 peixes, pode ser apenas um, só um sentimento, um pensamento, um impulso; um peixe que nos mostre que não estamos sozinhos com as nossas preocupações. Quem já pescou assim, sabe a alegria que é, então, sentar-se na cama, sentir o calor das brasas no próprio coração e alimentar a alma com o peixe que Ele nos dá.

João F. Torunsky