Reflexão sobre o Evangelho de João, 13 de julho

“E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: ‘Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.’
Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.
Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, e que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.
Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.”

João 20, 1-10

O discípulo que Jesus amava é mais rápido do que Pedro. Ele chega antes  e compreende antes – ele viu o túmulo vazio e creu na ressurreição de Cristo. Podemos nos perguntar: Por que Jesus o amava especialmente? Mas na verdade não se trata de ele ser amado especialmente, trata-se antes de ele estar mais bem preparado para compreender – ele está mais próximo de Jesus por seus próprios atributos e assim obtém dele um grau superior de compreensão. É, por essa razão que cultivamos um cristianismo joanino, pois sabemos que o discípulo amado não é outro senão João o Evangelista. O Cristianismo joanino pretende não ser apenas um Cristianismo de fé, mas um Cristianismo de compreensão. Não uma compreensão meramente intelectual, mas uma compreensão profunda que emana do coração. O ser humano moderno, com seu distanciamento de mais de 2000 anos desde os fatos descritos no Evangelho, prepara-se para uma nova etapa de compreensão daqueles fatos. Trata-se de uma compreensão a partir do indivíduo autoconsciente autônomo. Ele não crê por força da tradição, dos costumes ou por seguir dogmas, mas por sua própria vivência e proximidade com o Cristo que nele vive. Assim, podemos seguir nossos próprios passos de fé, em liberdade. Podemos receber de Cristo um novo impulso de motivação, de renovação e de confiança de que o nosso futuro depende dessa atitude positiva de compreensão. A partir dessa atitude, todos nós podemos ser os discípulos amados de Cristo.

Carlos Maranhão