Reflexão para o domingo, 07 de junho

Época de Trindade
Referente ao perícope João 3, 1-21

“Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”.
João 3, 5-6
Todos os dias, de manhã o sol nasce, e à tarde ele se põe. Qualquer um que presta atenção, pode observar como o sol começa o seu caminho no Leste, se eleva pelo céu, até alcançar seu cume ao meio-dia, e desce até desaparecer no Oeste. Podemos ver como o Sol faz o seu percurso no céu, enquanto a Terra está imóvel sob os nossos pés. Esta é a vivência que todos temos: o Sol gira em torno da Terra. E, no entanto, desde crianças aprendemos, e acreditamos, que a realidade é o oposto: a Terra gira em torno do Sol.
Há muitas coisas que se apresentam aparentemente de uma maneira, mas observando melhor se reconhece que a verdade pode ser o oposto. Assim é também com o nascimento e a morte. A nossa biografia, aqui na Terra, tem um início e um fim. Normalmente, dizemos que nascemos no início da nossa biografia e morremos no seu fim. Mas, observando melhor, podemos reconhecer que, essa forma de ver as coisas, é uma verdade somente em relação ao corpo. Aquilo que chamamos de nascimento, é o início da vida do corpo, e o que chamamos de morte, o fim da sua vida. Mas nós não somos o nosso corpo. Temos um corpo, mas em realidade somos a alma, o eu que se encarnou neste corpo.
Como foi, para a nossa alma, a experiência que ela teve ao se encarnar? Ela se separou do mundo espiritual, se separou da sua origem. Para a nossa alma, encarnar-se é muito mais uma vivência de separação, de morte. A verdade é que, quando o corpo nasce e a alma se encarna, ela passa por uma vivência de morte.
E como será quando o corpo morrer? Esta é a pergunta essencial do Cristianismo: é possível nascer de novo, da água e do Espírito? É possível nos ligarmos não só com o corpo, mas também com o Espírito, de tal forma que a nossa alma, no momento da morte do corpo, possa nascer de novo? Este é o impulso que o Cristo nos trouxe: que possamos nascer no Espírito, depois da morte do corpo.
Precisamos da ligação com o corpo para formar a nossa consciência desperta. Mas cada esforço que fazemos para preencher nossa consciência, nossos pensamentos e nossos sentimentos, com uma realidade espiritual, pode fazer parte do processo de gestação da nossa alma, para que possamos nascer no Espírito.
João F. Torunsky