Reflexão para domingo, 23 de julho de 2023

Referente à Marcos 8, 27-28

Poder-se-ia dizer que a pergunta de Jesus Cristo no capítulo 8 do Evangelho de Marcos “e vós que dizeis quem Eu Sou?” encontra-se na metade de todo o texto desse evangelho. Também esta pergunta é central quanto ao significado da incarnação do Filho de Deus em Jesus e também da sua morte e ressurreição para o futuro de toda a humanidade. Com esta pergunta “quem sou Eu?” Jesus Cristo confronta a alma humana com essa mesma indagação, agora consigo mesma! Assim Ele aponta para o imprescindível papel do ser humano para a evolução da  Terra e dos céus!

No ciclo anual das festas cristãs, já cultivamos através da nossa vida religiosa desde o Advento, depoiso Natal, Epifania, Paixão, Ressurreição e Ascensão a memória do mistério de como Deus se tornou homem, morreu, ressuscitou e se ligou para sempre com a Terra. Em Pentecostes as chamas do Espírito baixaram sobre a alma dos seguidores de Cristo,  concedendo-lhes um novo sentido para a verdade, para o conhecimento espiritual, para o conhecimento de si próprio! Nesse momento, poderíamos dizer que alcançamos a metade do ciclo anual das festas cristãs.

Então ouvimos, na época de João, as palavras de João Batista, quando indagado pelos fariseus e escribas quanto à sua legitimação para que pudesse batizar: “Eu não sou!”! Sim, João Batista, que como na epístola da época de João carrega em torno de seu corpo o Espírito do Pai, aponta

para o futuro, para o Filho, para um novo princípio de evolução, que germina no centro da alma humana com esta pergunta:”quem sou Eu?” A alma humana ainda muito ligada à sua condição terrena transitória e corporal não poderia sozinha resolver esse enigma sem se ligar a Jesus Cristo e entender o mistério da ressurreição.

Antes da concretização da incarnação do Filho de Deus em Jesus, a condução da evolução da humanidade acontecia diretamente a partir do mundo divino, que escolhia os profetas, concedia autoridade aos sacerdotes e escribas, anunciava a vinda do Messias, do Cristo! Depois de Pentecostes se estabelece um novo impulso para evolução: o Eu Sou na alma humana. Tudo que antes valia é desvalidado. Trata- se de despertar esta força crística interior da alma humana, sem qualquer apoio das antigas formas e tradições exteriores, a partir do futuro. O futuro do ser humano é a superação da sua condição transitória e mortal e a conquista da vida em espírito, a vida eterna. Para isso a alma humana deverá aprender a encarar no feito do Cristo o modelo ideal da sua própria evolução. Cristo se tornou homem para que o homem possa vir a se tornar um ser divino. Agora, na segunda metade do ciclo anual das festas cristãs é isso que nos orientará.

Constatamos na atualidade, que as estruturas sociais, políticas e econômicas não conseguem mais criar perspectivas para o futuro. A própria vida na Terra está ameaçada. A pergunta que está soando em cada alma humana, está recebendo uma resposta? Estamos indiferentes à urgência desse chamado? O que significa o Cristo para mim, nas minhas decisões, nos meus questionamentos, nas minhas dúvidas? Estou aceitando os desafios, as crises como chance para  o despertar as forças cristicas em mim?

Quem sou eu? Quem é o Cristo? Como eu posso hoje transformar catástrofes em novos impulsos de vida e luz? Como eu posso cada vez mais me elevar ao Espírito reconhecer a verdade, agir segundo ela, em justiça diante do mundo divino e diante da natureza? Estas são as  questões prioritárias hoje! As respostas a elas levam às verdadeiras soluções hoje procuradas!

Helena Otterspeer