Reflexão para domingo, 14 de abril de 2024

O bom pastor – Mosaico de Mausoléu em Ravena – Itália

Nos ritmos de sono e vigília, de atividade e descanso, alternam-se as fases de vida contemplativa e ativa da alma humana. Esse ritmo está fundamentado na própria natureza corporal humana, mas pode ser influenciado de acordo com uma cultura específica, uma vida religiosa específica. Do equilíbrio sadio desse ritmo vai depender não só a saúde física e psíquica, mas também a saúde do organismo social, o equilíbrio ambiental.

Uma profunda sabedoria vive em muitas correntes espirituais que reconhecem: o estado interior da alma humana, sua harmonia, equilíbrio, luz e virtudes ou a ausência delas se refletem, se espelham no âmbito social externo, nas instituições jurídicas, na relação entre as nações e mesmo no equilíbrio climático da natureza. Eremitas se retiram na convicção de que se dedicando ao aperfeiçoamento interior podem contribuir significativamente para a promoção do bem na humanidade e na Terra. Efetivamente há exemplos disso.

Na verdade, existe uma porta que ao mesmo tempo regula esse relacionamento intrínseco entre esses dois âmbitos – o do íntimo da alma humana e o do mundo – e também permite que cada um deles seja preservado. Quem abre essa porta, em que momento e com qual motivação? Isso vai determinar se isso será feito para o bem ou para o mal.

O bom pastor recolhe no momento adequado suas ovelhas para o descanso num lugar protegido e as conduz para fora para as relvas verdes e as fontes puras. Ele conhece suas ovelhas e sabe do que necessitam em ambos âmbitos. Elas por sua vez reconhecem sua voz e o seguem para o mundo.

Quem conhece melhor o mundo do que o Verbo Criador? Quem conhece melhor a natureza humana do que a palavra divina que se encarnou em Jesus? Ele veio a se confrontar com os seres adversos que estão sempre aspirando a se servir do ser humano para seus fins, veio a conhecer todo tipo de doenças que assolam a humanidade, todo tipo de sentimentos e pensamentos da alma humana, enfim os extremos da decadência da civilização humana. Ele proferiu as palavras de cura, de paz, de perdão, de esperança! Ele conhece as puras fontes de vida espirituais que se abrem na relação da alma humana com o Cristo e com o Pai divino.

Hoje vivemos uma época em que o despertar e o desenvolvimento do Eu na alma humana traz grandes desafios. Sem uma condução espiritual, o Eu se transformará no Ego, no egoísmo desenfreado que minará consecutivamente a alma, então a humanidade e enfim toda a vida na Terra. No entanto, o sol do Cristo brilha no horizonte. À luz desse sol podem se encontrar e conviver todos os Eus individuais, que então se reúnem em comunidades espirituais para atuar no mundo. O Eu do Cristo, o Espírito do Cristo é grande, abarca em si todos os Eus individuais. Seguir o Cristo e servir à obra do Pai nos conduz às fontes puras da água da vida. Ele é o bom pastor. Nos cabe ouvir suas palavras, conhecer cada vez melhor a sua voz e passar pela porta, quando Ele a abriu! Na oração se pode fazer ecoar a sua voz dentro da alma! Na procura do conhecimento superior pode-se vislumbrar os seus caminhos. Então o próprio Eu viverá no Eu do Cristo. Então haverá paz e vida eterna!

O mundo todo estará reunido numa comunidade de vida!

Helena Otterspeer