Reflexão sobre o Evangelho de João, 18 de junho

“Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: ‘Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele. Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar. Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, mas, como tenho dito aos judeus: Para onde eu vou não podeis vós ir; eu vo-lo digo também agora.
Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.’
Disse-lhe Simão Pedro: ‘Senhor, para onde vais?’ Jesus lhe respondeu: ‘Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás.’
Disse-lhe Pedro: ‘Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.’
Respondeu-lhe Jesus: ‘Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo que não cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.’”

João 13,31-38

A vida de Jesus foi um único ato de amor. Esse amor que Jesus viveu também deve viver seus discípulos. Mas ninguém é capaz de imitar esse amor completamente, mesmo Pedro que lhe prometeu fidelidade o negou três vezes. Parece que sempre ficamos aquém daquilo que Jesus nos demanda. Se é assim, por que nos colocou esse mandamento fundamental? Porque ele acredita em nós humanos. Porque ele coloca sua esperança em nós. Ele conhece nossa impotência em nos mantermos fiéis ao seu mandamento, mas mesmo assim o reafirma. Pedro se dará conta de sua traição e Jesus Cristo, após a ressurreição, reafirmará sua confiança nele dizendo “tome conta de minhas ovelhas!” (João 21,15-16).
Somos céticos e não acreditamos nesse poder do amor, do contrário não trairíamos esse amor tantas vezes. Transmitimos palavras de amor para depois rejeitá-lo. Há uma fraqueza inerente à condição humana. Paulo deu testemunho disso ao dizer que tinha um espinho na carne e glorificou sua fraqueza dizendo: “quando sou fraco, aí é que sou forte” (2 Coríntios 12,10). Rudolf Steiner reenfatizou esse aspecto ao dizer que é na nossa impotência que encontramos o Cristo (O anjo em nosso corpo astral / Como eu encontro o Cristo? – R. Steiner, Editora Antroposófica). Seguir o amor de Jesus significa seguir a Jesus em nossa fraqueza, até o último lugar onde não há mais poder e violência, mas apenas amor.

Carlos Maranhão