Reflexão sobre o Evangelho de João, 11 de julho

“Depois disso, José de Arimateia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.”

João 19, 38-42

Quem são os personagens colocados, pelo evangelista, nos últimos momentos onde os sentidos humanos puderam acompanhar o corpo físico de Jesus? José de Arimateia, discípulo de Cristo. Por medo dos judeus, até então não se revelara como tal. Nestes versículos, surge liberto de seus receios e quando todos os outros fogem, ele vai a Pilatos e pede o direito de depor o corpo da cruz e sepultá-lo. Ao longo dos séculos ele ficará intimamente ligado ao Santo Graal, à saga do rei Artur e os cavaleiros da távola-redonda. No cálice da Santa Ceia, onde Cristo transubstanciara vinho em sangue, José de Arimateia recolhe o sangue que ainda escorre do corpo deposto da cruz. Temos a imagem do corpo e do sangue de Cristo. Eucaristia.
Nicodemos, um dos chefes dos judeus e membro do sinédrio. Em João 3, 1-21 acompanhamos seu encontro com Cristo à noite, nas esferas espirituais e o vemos receber a indicação do novo nascimento; do alto, do espírito. Ele como dirigente dos judeus, pertence aos devotos e crentes cumpridores da lei. Nicodemos traz trinta quilos de mistura de Mirra e Aloé. Quantia suficiente para o funeral de um rei! Vemos o reconhecimento do raiar dos novos tempos. O mestre que reconhece em Cristo o rei dos reis. O mestre que sabe oque deve ser feito e atua. Ele está preparado para deixar as antigas esferas religiosas e adentrar a nova esfera que está nascendo. Um de seus legados foi a tradição oral, escrita nos anos 300 ou 400, o Evangelho de Nicodemos (Apócrifo). É o primeiro evangelho a falar sobre a vivência do Cristo na morte, daquilo que chamamos “descida aos infernos”. Este ser humano, um dos discípulos íntimos e esotéricos de Cristo, está nos primórdios do reconhecimento da atuação do Cristo no reino dos mortos.
Ambos estão no ponto de partida de uma corrente espiritual. Como guardiões do portal da nova era, nos enviam imagens para o prosseguimento de nossa evolução: Reconhecer o nascimento do alto, do espírito. Perceber o corpo e o sangue não somente como um símbolo sacramental, mas sim como uma verdade espiritual real. Adentrar os mistérios da morte, superação da morte e ressurreição.
Nos ligaremos cada vez mais à obra de José da Arimateia e Nicodemos ao meditarmos e tecermos pensamentos e sentimentos sobre este legado. Ao atuarmos com este conhecimento no mundo.

Viviane Trunkle