Reflexão para o domingo, 14 de junho

Para domingo, 14 de junho de 2020

Época de Trindade
Referente ao perícope João 4, 1-42

No encontro da mulher samaritana com Jesus, após o diálogo entre eles, um detalhe passa despercebido: “A mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade(…)”.
Na imagem acima, vemos a samaritana chegando ao encontro, no poço de Jacó, com seu cântaro na cabeça.
O que é um cântaro? O cântaro (bilha, ânfora) é um artefato usado desde a antiguidade como urna decorativa ou mesmo um receptáculo. Por ter a forma sempre com uma abertura em cima traduz também uma noção de receptividade das coisas celestes. Em diversas culturas seu simbolismo está vinculado ao sentido de que guarda os tesouros. Traduz para muitos também o simbolismo de reservatório de vida, onde sob diversas formas guardaria: o tesouro da vida espiritual, o elixir da vida, o segredo das metamorfoses, etc.
O cântaro é símbolo de espaço receptivo, seu formato, muitas vezes se assemelha a um útero. O receptáculo a ser preenchido com a nova vida. Nossos corpos físico e vital são cântaros que recebem a alma e o espírito. Por sua vez, a esfera do pensar, cujo órgão é a cabeça, representa o cântaro para a receptividade da ideia pura, a que é emanada do Logos. A esfera do sentir, no coração e pulmão recebe o amor divino. E a esfera do querer traduz em atuação no mundo, ideia pura e amor divino. Uma imagem complementar ao pensar, sentir e querer é a que encontramos nos céus, na imagem da constelação de Aquário. Antigas culturas, tinham ainda a percepção dos seres que permeavam as constelações. O ser da esfera de Aquário era o que vertia de seu cântaro a fluidez para curar o que estava enrijecido, seco e estanque. Talvez não tenhamos mais a consciência desperta para os seres das constelações, mas nem por isso eles deixaram de atuar… Aquário em nós, representa o auxílio para equilibrarmos as forças do pensar, sentir e querer. Para que o pensar não seja enrijecido, o sentir não seja seco e o querer, nosso atuar no mundo, não se estanque.


Voltemos à samaritana. Ela traz para o encontro seu cântaro preenchido das forças espirituais que atuavam até então na humanidade. Tudo o que já tendia para o enrijecimento. Em seu encontro com Jesus, ela se permite perceber a fluidez da água viva. A samaritana está em equilíbrio com suas forças do pensar, sentir e querer. Ela realiza com Jesus a chegada da transição dos tempos. Tudo o que pertencia ao passado, pode dar lugar ao novo. Ao Logos encarnado que está diante dela: “Eu Sou, quem fala contigo.” Ela está preparada para deixar o seu cântaro (imagem acima) até então receptor das antigas correntes e tornar-se ela mesma cântaro preenchido pela água viva, pelo Logos, pelo Verbo. Sua ação no mundo? Anunciar.
“Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo?”
E: “Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus por causa da palavra da mulher que testemunhava”
Que a maravilhosa mulher samaritana nos inspire a deixarmos nossos cântaros onde se acumulam antigas estruturas enrijecidas, secas e estanques a impedir nossa evolução. Que nos inspire a nos tornarmos cântaros receptivos da Água Viva, do Eu Sou e termos forças para anunciar e testemunhar!

Viviane Trunkle