Reflexão para domingo, 24 de março de 2024

Uma profecia é uma mensagem do mundo espiritual sobre acontecimentos significativos no futuro. Hoje os verdadeiros profetas são raros. Nas culturas antigas, as profecias eram dirigidas a um povo ou a uma comunidade religiosa. Em festas religiosas cultivava-se tanto a memória de grandes acontecimentos do passado como também a expectativa pelos acontecimentos futuros, para os quais se deveria estar preparado.

Já havia quase mil anos que o povo israelita festejava no templo em Jerusalém a festa da Páscoa, em memória ao êxodo, à libertação da escravidão no Egito e com grande esperança pela chegada futura do Messias. Com o Messias chegaria também o reino do céus à terra e na concepção do povo israelita a tão aspirada liberação do domínio romano, de qualquer domínio estrangeiro.

A hora havia chegado para o cumprimento da antiga profecia. No ano 33 da nossa era, no primeiro dia da semana na cidade santa havia um pressentimento no ar. Era como se o sol tivesse sido ofuscado por um outro que ainda invisível se anunciava nos reinos da natureza. Os peregrinos e os habitantes de Jerusalém se surpreenderam quando Jesus pela manhã, montado no burrinho, passou por uma das portas da cidade. Essa semana também viria a ser uma espécie de portal para uma nova era da humanidade. Um júbilo se ergueu de entre os reinos da natureza das pedras, das plantas, dos animais e também da humanidade. Um brilho tênue se espalhou pela cidade, vindo do manso Jesus, do seu interior, de sua determinada intenção pelo mais elevado ato de amor. Era um rei que havia chegado? O reino divino do Eu Sou em Cristo queria se estabelecer na Terra, na alma humana, no coração humano.

No entanto, o drama dessa semana foi que quase ninguém conseguia imaginar o que era necessário para que isso acontecesse. O antigo sol iria escurecer, a terra tremer, o Filho do Homem iria ser traído, condenado à morte na cruz, seu coração iria ser perfurado e o seu sangue ia correr. Quem poderia aguentar ser testemunha desse acontecimento da morte do Filho de Deus na cruz? João, o evangelista, o Lázaro-João, o iniciado pelo Cristo, Maria, Maria Madalena e as outras mulheres e mais tarde Nicodemos e José de Arimateia, que iriam cumprir dignamente o ritual do sepultamento de Jesus. Mas, enfim, no último dia dessa semana, no Sábado de Aleluia, Jesus Cristo, em posse total da sua consciência, vai conseguir descer aos infernos, às camadas mais profundas da Terra para romper as cadeias que prendem a alma humana aos seres adversos, ao seres do mal. Desde então, o Sol de Cristo brilha no interior da Terra, a transformando. Desde então, o Sol de Cristo brilha nos corações daqueles que o seguem para a espiritualização da natureza humana mortal e transitória.

Todo ano, na Semana Santa, seja qual for a crise pessoal ou mundial, podemos ficar consolados porque o Pai enviou seu Filho para nos salvar. Por outro lado, NÓS podemos ativamente vivenciar a dimensão do seu sacrifício em nós mesmos, nos tornarmos verdadeiras testemunhas e, então, seus seguidores, para um dia sermos capazes de realizar o ato de amor, o sacrifício necessário para colaborar com a obra do Pai.

Helena Otterspeer