Conto: O pastor e o dragão

Certo dia, em um reino próximo daqui, apareceu um dragão. Ele foi morar no fundo de um lago profundo. Quando as pessoas passavam pelo lago viam bolhas que subiam à tona com um fedor horrível de ovo podre. De tempos em tempos o dragão sentia fome e saía do lago, devorando tudo que encontrava vivo a sua frente, pisando tudo com suas patas e queimando tudo com o sopro de fogo que saia de sua boca que fedia a ovo podre.
O rei havia enviado os seus soldados para matar o dragão, mas a metade morreu na luta e a outra metade voltou com as costas queimadas pelo fogo que o dragão havia lançado quando eles tentavam fugir.
O rei reconheceu que só um cavaleiro muito valente poderia vencer o dragão. Mas ele já era velho e só tinha uma filha. Então o rei mandou anunciar no seu reino que o cavaleiro valente que conseguisse matar o dragão receberia sua filha como esposa e todo o seu reino depois da sua morte.
Mas no reino não havia nenhum cavaleiro valente. Como a princesa era linda e o reino era enorme, um camponês decidiu tentar a sua sorte.
Ele vestiu as suas roupas de domingo e foi falar com o rei. O rei o olhou de cima a baixo e estranhou a postura dele. Parecia mais um camponês do que um cavaleiro. O rei então perguntou: “Você é mesmo um cavaleiro?”. E o camponês respondeu: “Com certeza, meu rei”. E tornou a perguntar o rei: “Onde está tua armadura?”. Ao que respondeu o camponês: “Em casa meu rei, não queria me apresentar de armadura perante vossa majestade”.
O rei coçou a barba, hesitou um pouco, mas como não tinha outra solução, disse: “Vai até a tua casa, veste a tua armadura e vença esse dragão infernal”.
O camponês foi para casa, tirou a roupa de domingo, vestiu a calça de couro e o casaco de linho que usava no campo, pegou a foice e foi lutar contra o dragão. Nunca mais se viu o camponês. Outros camponeses tentaram a mesma sorte, mas também foram devorados pelo dragão.
Um dia a princesa foi caminhar pelos pastos verdes onde gostava de ver as ovelhas. Um pastor muito jovem estava cuidando das ovelhas e, quando viu a princesa, em toda sua beleza e ao mesmo tempo com toda a simplicidade, seu coração começou a bater mais forte e seu rosto ficou todo vermelho.
Ele se aproximou da princesa e quando ela olhou em seus olhos também sua face corou. Ele viu como ela estava triste e perguntou o porquê. Ela então contou-lhe sobre o dragão, e que só um cavaleiro muito valente poderia vencer aquele monstro, mas em todo o reino não se podia encontrar nenhum tão valente.
No dia seguinte o jovem pastor vestiu a sua roupa de domingo e foi falar com o rei. O rei olhou-o de cima a baixo, estranhou a postura dele, que parecia mais a de um pastor do que de um cavaleiro e perguntou: “Você é realmente um cavaleiro?”. E o jovem pastor respondeu: “Não, meu rei, eu sou somente um jovem pastor, quero me colocar a seu serviço, estou disposto a morrer, mas quero tentar vencer o dragão.
O rei coçou a barba, hesitou um pouco e disse: “Como você falou a verdade, eu te darei a minha armadura. Estou velho demais para lutar com ela, mas com a minha armadura e com a tua coragem, eu confio que você vai vencer o dragão”.
O jovem pastor vestiu a armadura do rei e foi até o lago esperar o dragão. Não demorou muito e ele apareceu. Foi uma luta terrível, mas o jovem pastor venceu, e o dragão afundou morto no lago para sempre.
A festa do casamento foi imensa, eles viveram muitos anos felizes e o jovem pastor tornou-se um rei muito justo.

João F. Torunsky