Reflexão sobre o Evangelho de João, 2 de junho

“Ora, havia um doente, Lázaro, de Betânia, do povoado de Marta e de Maria, sua irmã. Maria é aquela que ungiu o Senhor com perfume e enxugou seus pés com os cabelos. Lázaro, seu irmão, é quem estava doente. As irmãs mandaram avisar Jesus: ‘Senhor, aquele que amas está doente’. Ouvindo isso, disse Jesus: ‘Esta doença não leva à morte, mas é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela’. Jesus tinha muito amor a Marta, a sua irmã Maria e a Lázaro. Depois que ele soube que este estava doente, permaneceu ainda dois dias no lugar onde estava. Depois, falou aos discípulos: ‘Vamos, de novo, à Judeia’. Os discípulos disseram-lhe: ‘Rabi, ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?’ Jesus respondeu: ‘O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se caminha de noite, tropeça, porque lhe falta a luz’. E acrescentou ainda: ’Nosso amigo Lázaro está dormindo. Mas, eu vou acordá-lo’. Os discípulos disseram: ’Senhor, se está dormindo, vai ficar curado’. Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando do sono mesmo. Jesus então falou abertamente: ‘Lázaro morreu! E, por causa de vós, eu me alegro por não ter estado lá, pois assim podereis crer. Mas vamos a ele’. Tomé (cujo nome significa Gêmeo) disse aos companheiros: ‘Vamos nós também, para morrermos com ele!’”

João 11, 1-16

Chegamos ao topo da montanha, onde com olhos despertos, visualizamos a paisagem criada por Jesus em seu caminhar pela Terra. A partir de agora, com grande magnitude, vislumbramos o que é e o que está por vir. Nesta passagem, encontramos em Lázaro, Marta e Maria representantes de toda a humanidade. E o que ressoa aqui? O amor de Jesus por eles. Cada qual em sua etapa de iniciação nos novos mistérios. Os mistérios cristãos. Lázaro passa por um processo de iniciação. Os antigos mistérios de iniciação eram muito bem conhecidos. Porém eram somente realizados em candidatos especialmente escolhidos para tal. Não era um processo aberto à qualquer pessoa. O que temos então em Lázaro? A inauguração de uma nova era dos mistérios. Cristo traz à humanidade, a possibilidade de trilharmos, em liberdade, um caminho iniciático. Todos passamos a escolhidos. A força destes três irmãos em equilíbrio, nos indica um dos caminhos de aproximação dos novos mistérios cristãos. Marta, quem alcançou o desenvolvimento da vontade, quem provém e atua cada vez mais altruisticamente. Maria, quem alcançou o desenvolvimento do sentir, quem unge o Ungido, entregando assim aos céus, o ser que os céus nos enviou. Lázaro, quem alçou o voo da águia e a partir de então foi capaz de ouvir, ver e pronunciar a palavra do Logos, do Verbo.
Cristo envolve os três com o amor divino.
Todo ser humano pode caminhar rumo à iniciação cristã.
“O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se caminha de noite, tropeça, porque lhe falta a luz”.
Em meio a todo o imenso acontecimento do capítulo 11, ressoam estas palavras,  talvez incompreensíveis. Carregamos em nós essas duas forças que se entrelaçam: dia/luz e noite/falta de luz. Muitas vezes somos levados pelo que a vida e os obstáculos nos trazem e perdemos nossa meta. Seguimos tateando no escuro, sem encontrar nossa real direção. Ao reconhecermos internamente a luz que habita em nós, aquilo que percebemos como verdadeiro nos dará o impulso de atuação no mundo. Nada do que venha de fora irá nos abalar e nos tirar de nossa meta. Mesmo as dificuldades e os obstáculos que nos jogam novamente para a noite. Seremos cada vez mais capazes de nos reerguer e caminhar novamente na luz.
Eu sou a luz do mundo, quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8,12)
Os três irmãos, em seus estágios diferentes de evolução e iniciação, reconheceram a luz do Eu Sou e passaram a caminhar na luz da vida. Nos acenam enviando-nos coragem para o próximo passo.

Viviane Trunkle